Tenho uma amiga que é grande fã do Principezinho. Durante a gravidez da filha pediu-me que lhe fizesse um painel com a imagem dele, para colocar no quarto da bébé. O resultado foi o que podem ver, um painel de 1 metro de diâmetro (como material base utilizei MDF e pintei com tinta acrílica).
Do que gosto mais é da rosa, por ela se sente cativado o Principezinho, com ela criou laços.
Deixo-vos o trecho de texto do encontro do princepezinho com a raposa, onde fala de cativar, da rosa, de criar laços...
“(…)
E foi então que apareceu a raposa:
- Olá, Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu rapidamente o principezinho, que se virou para trás,
mas não viu ninguém.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…
- Quem és tu? Perguntou o principezinho.Tu és bem bonita…
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaste ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão,acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Vê-se logo que não és de cá, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer
"cativar"?
- Os homens têm espingardas e caçam, disse a raposa. É uma grande maçada!
Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu andas à
procura de galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer
"cativar"?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. Significa
"criar laços…".
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Ora vê: por enquanto tu não és para mim
senão um rapazinho inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho
preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Não passo a teus olhos de uma
raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, nós teremos
necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti
única no mundo…
- Parece-me que estou a perceber, disse o principezinho. Sabes, existe uma
certa flor… eu creio que ela me cativou…
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra…
- Oh! Não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Então, é noutro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Não há bela sem senão, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua ideia.
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu caço galinhas e os homens
caçam-me a mim. As galinhas são todas parecidas umas com as outras e os homens
são todos parecidos uns com os outros. E por isso às vezes aborreço-me muito.
Mas se tu me cativas, minha vida fica cheia de sol. Conhecerei um barulho de
passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo
da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois,
olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão e por isso, o trigo
para mim é inútil. Os campos de trigo não me fazem lembrar nada. E isso é
triste! Mas os teus cabelos são cor de ouro. Então será maravilhoso quando me
tiveres cativado. O trigo é dourado e há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de
gostar do som do vento a bater no trigo…
A raposa calou-se e ficou a olhar muito tempo para o principezinho:
- Por favor…cativa-me! - disse ela.
- Eu bem gostava, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo.
Tenho amigos para descobrir e muitas coisas a conhecer.
- Só conhecemos o que cativamos, disse a raposa. Os homens deixaram de ter
tempo para conhecer o que quer que seja. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas
como não existem lojas de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se tu
queres um amigo, cativa-me!
- E o que tenho de fazer? - perguntou o principezinho.
- Tens de ter muita paciência, respondeu a raposa. Primeiro sentas-te longe
de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes
nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, podes-te sentar cada dia
um bocadinho mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor vires à mesma hora, disse a raposa. Por exemplo, se
vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz. E quanto mais
perto for a hora, mais feliz me sinto. Às quatro horas em ponto, hei-de estar
toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade! Mas se
chegares a uma hora qualquer, eu nunca vou saber a que horas hei-de
começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... Precisamos de
rituais.
- Que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu, disse a raposa. É o
que torna um dia diferente dos outros dias e uma hora diferente de outras
horas. Por exemplo, os meus caçadores têm um ritual. À quinta-feira, vão
dançar com as raparigas da aldeia. Por isso, a quinta-feira é um dia
maravilhoso! Eu posso ir passear às vinhas. Se os caçadores fossem dançar num
dia qualquer, os dias eram todos iguais uns aos outros e eu nunca tinha férias.
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da
partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal, mas tu
quiseste que eu te cativasse…
Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! - disse o principezinho.
- Pois vou, disse a raposa.
- Então, não ganhaste nada com isso!
- Ai ganhei sim senhor! - disse a raposa, por causa da cor do trigo.
E acrescentou:
- Anda, vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo.
Quando vieres ter comigo, dou-te um presente de despedida: Conto-te um segredo.
O principezinho foi ver as rosas outra vez:
- Vocês não são nada parecidas com a minha rosa! Vocês ainda não são nada,
disse-lhes ele. Ninguém ainda vos cativou, nem vocês cativaram ninguém. São
como a minha raposa era. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu tornei-a
minha amiga e ela passou a ser única no mundo.
E as rosas ficaram bastante arreliadas.
- Vocês são bonitas, mas vazias, insistiu o principezinho. Não se pode morrer
por vocês.Claro que para um transeunte qualquer, a minha rosa é igual a vocês.
Mas, sozinha, é muito mais do que vocês todas juntas, porque foi ela que eu
reguei. Foi a ela que pus debaixo da redoma. Foi a ela que abriguei com o
pára-vento. Foi dela que eu matei as lagartas (excepto duas ou três por causa
das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo
calar-se algumas vezes. Porque ela É a minha rosa.
Depois voltou para o pé da raposa e despediu-se:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem
com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, para
nunca mais se esquecer.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho,
para nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade, disse a raposa. Mas tu não a
deves esquecer. Ficas responsável para todo o sempre por aquilo que cativaste.
Tu és responsável pela tua rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, para
nunca mais se esquecer.
(...)"
Ficou fantástico! Eu sou a mãe da felizarda que ficou com este trabalho magnifico. És uma artista Cristina. Obrigada!!!
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